quarta-feira, 30 de março de 2011

Mamãe eu sou...budista!!

Ah, São Paulo, a grande metrópole que não pára. Corre pra lá, corre pra cá. Vida agitada. E quem me garante que a boa e velha São Paulo ainda não tem surpresas para mim, um jovem de 25 anos. Deveria sair para explorá-la, ah, a cidade da garoa. Falando em garoa, olha só, está garoando! Está garoando. Vai chover. Chover nessa cidade. Trânsito, estresse, chuva. É, este será mais um dia fatídico em minha vida.

Lá vou eu, ônibus, metrô e mais um ônibus. Quem me dera poder explorar a linda São Paulo. Se bem que, pensando bem, mais do que já exploro fica difícil. Duas horas pra vir e duas horas pra voltar, haja fôlego e ânimo. Mas sinto-me bem quando chego em casa. Mamãe sempre está a me esperar com um belo jantar. Mamãe. Mamãe é uma mulher adorável. Sabe, daquelas que é muito difícil encontrar. É o tipo de mãe que você não quer decepcionar. Por mais que você esteja explodindo por dentro será cordial a jovem senhora que o aguarda ansiosamente para desfrutar da companhia, embora minha companhia não seja assim tão desfrutável assim. Mas enfim, como se diz mãe é mãe.

Papai também é um bom homem, um velho e bom homem. Homem de caráter, um pai muito presente em minha vida. Foram com ele minhas longas conversas sobre futebol, automobilismo, sexo e foram dele também as mais intensas surras. Se bem que ele e mamãe poderiam competir para ganhar um prêmio de quem bate mais. Mas se hoje sou este homem, de caráter, agradeço aos meus pais.

Mamãe é cristã. Cristã fervorosa. Já sei o que pensou: fanática. Talvez, mas ela defende o que acredita né? Se bem que eu não concordo sobre certos pontos de vista. Por exemplo, ela tem dificuldades em aceitar certas coisas. E hoje decidi que irei me assumir pra ela. Isso mesmo. Vou me assumir. To respirando fundo. Não sei qual será a reação deles. Acho que ficarão chocados com minha revelação. Papai vai querer ter uma longa conversa comigo. Já até sei quais serão os argumentos dele: “tem certeza que é isso que você quer?”; “já pensou bem?”; sabem esse tipo de coisa de pai e mãe. Agora mamãe, não sei o que vai acontecer. Espero que ela tente entender, ou pelo menos respeitar. Vai ser difícil falar, mas tenho que conseguir! Terei que dizer que sim eles fizeram tudo certo, que não nenhum amigo me influenciou e que sim, sempre tive curiosidade. Não sei se vou ter muita paciência. Torço para que eles me entendam e não venham com aqueles versículos decorados. Não tem nada mais chato do que isso. Vou ficar repetindo pra mim mesmo o que eu vou dizer e como vou dizer, vai ser mais ou menos assim: MAMÃE SOU BUDISTA!




Este texto fará parte de uma série que tem como foco brincar com algumas posições das pessoas. São para ironizar, brincar e para refletir. Este é o primeiro. Mamãe, eu sou budista conta a história de um filho que tem que se assumir budista pra mãe cristã. É uma brincadeira com a dificuldade que certos pais tem em aceitar filhos que seguem seus próprios caminhos. Os próximos serão ArreÉgua; Sim, acredito em ex-gays...no armario e Cara, meu melhor amigo é viado. Aguardem!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Explicando o PL 122

Bom meus caros leitores o PLC 122/06 (Projeto de Lei da Câmara) voltou a circular pelo Senado Federal e como sempre causando muita, mas muita polêmica mesmo. Há sempre um energumeno querendo colocá-lo de volta à "gaveta" e dizendo que é anti-constitucional e as mesmas baboseiras de sempre.


Pois hoje não direi o quanto o Senador Malta é um, com todo respeito às coisas feitas por esse senador, completo desinformado e porque não dizer um néscio quando o assunto é o PLC 122. Ora, convenhamos, senadores e deputados evangélicos só podem ser néscios pra tratar um assunto de tão grande importância como tratam! Ora, pelo amor de Deus, deixem de ser ultrapassados! Deixem que o Estado seja soberano, assim como decreta, isso mesmo, decreta a Contituição Federal de 1988, lá diz claramente que o Estado é soberano e DEMOCRÁTICO! Democrático e não teocrático.


Fico impressionada quando vejo o comercial do Senador Crivella na tv: ele não trata do assunto Estado e sim do assunto religião. Talvez eles tenham se esquecido que o próprio Cristo não interferiu na politica quando esteve aqui pra esses lados, nesse mundinho de gente corrupta e sem escrúpulos. E olha que o que não faltava a Cristo eram seguidores mas, em vez de organizar um motim contra o governo romano ele disse: " dê a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus", aprendam com Cristo, o Estado é laico e a religião não pode e não deve interferir. Cuidem de suas religiões nas igrejas e deixem o Estado trabalhar para o povo que lhe paga!


Mas bem, eu disse que não iria falar sobre isso, acho que acabei me entusiasmando. Então vamos ao PLC 122. O projeto pretende modificar algumas coisas na Lei 7.716, então primeiramente eu vou transcrever os artigos e parágrafos da Lei, depois colocarei como ficará com o PLC 122 e explicarei o que muda.


Lei 7.716:
 Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)


Com o PLC:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero.


O erro de muitas pessoas é dizer que esta Lei trata apenas de crimes racistas. Como podemos perceber em sua inscrição original é MENTIRA, a não ser que religião seja raça. Essa Lei já combatia todo tipo de preconceito e agora passaria também a combater a discriminação aos homossexuais.


Lei:
 Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público. 
 Pena: reclusão de um a três anos.


PLC 122:
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.


Parágrafo único: Incide nas mesmas penas aquele que impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade em locais públicos ou privados abertos ao público de pessoas com as características previstas no art. 1º desta Lei, sendo estas expressões e manifestações permitida às demais pessoas.


O que muda neste artigo é a inclusão do parágrafo. Muita gente, principalmente aqueles que tem ligações com religiões, dizem que não poderiam impedir o afeto entre homossexuais. Acho que no fim do artigo, onde está explicitamente escrito "PERMITIDAS ÀS DEMAIS PESSOAS" deixa bem claro que os homossexuais teriam os mesmos direitos que heterossexuais, nem mais nem menos.


Lei:
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.


PLC 122:
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.”

O que muda aqui é que qualquer tipo de incitação à discriminação contra homossexuais também seria penalizado.

Lei 2.848

Injúria
Art. 140. Injuriar alguem, ofendendo-lhe - dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, de quinhentos mil réis a dois contos de réis.
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovavel, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, de quinhentos mil réis a três contos de réis, alem da pena correspondente à violência

PLC 122:

§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero

Na Lei 2.848 o que muda é o acréscimo do 3º parágrafo.

Como pode-se ver o PLC 122 não tem nada de ditador, não pretende amordaçar ninguém, apenas pretende que uma minoria tenha direitos tal qual a maioria. Este texto do PLC 122 é o que está em discussão, foi apresentado em outubro de 2009 pela Senadora Fátima Cleide.


   

quarta-feira, 9 de março de 2011

O Falso moralismo e o carnaval

Engraçado como em tempos de carnaval tudo vira piada e é engraçado. Ora, o homem que se veste de mulher e vice-versa é enaltecido como um herói, o cara que está apenas relaxando e gozando da boa festa e do divertimento que o carnaval proporciona. Engraçado que este mesmo homem poderia ser aquele que persegue e agride os homossexuais. O que se vê no carnaval é o falso moralismo e o conservadorismo caindo por terra, porque, ora, convenhamos, o que se diz o ano inteiro sobre homens que se travestem? Ora, vou usar os termos mais delicados: “é uma bichona”. Engraçado que o cara quer diz isso o ano inteiro, o cara que se recusa ver dois homens se beijando é o mesmo falso moralista que sai às ruas TRAVESTIDO!

Isso mesmo! Se você saiu neste carnaval vestido de mulher e é homem você se tornou por poucos dias um travesti! E deixe de ser falso moralista, não cola a frase “no carnaval pode tudo”, ora isso é apenas um moralismo demasiadamente falso! Sim, e provavelmente serei muito, mas muito repetitiva neste texto! É moralismo falso, falso e falso! Ora, por que no carnaval homens heteros, de posturas machistas até narcisistas se vestiriam de mulheres? Eu inventei uma resposta, pode não ser a real, mas vamos lá: simplesmente porque no carnaval podem tirar a tal mascara de moralismo e conservadorismo e se entregar a curiosidade de saber como é ser mulher!

Claro que eu jamais levantaria suspeitas sobre a sexualidade destas pessoas. Devo lembrar que nem todo homem que se traveste é homossexual. Posso citar o caso dos crossdressers, mas não irei discutir sobre isso aqui. O que tento expressar neste texto é que durante o carnaval os falsos moralistas mostram sua cara! Isso mesmo. Podem não vir a publico, podem ficar trancafiados em suas casas, mas lá estão eles, silenciosos e cúmplices de um falso moralismo que no carnaval é desmascarado! Sim, sim, porque para taxar a parada gay ou qualquer outro movimento gay de promiscuo e de festas de sexo ta todo mundo ai, feliz da vida, mas quando chega o carnaval, bem, daí a coisa muda.

Muda mesmo. Afinal, mulheres semi-nuas ou homens semi-nus não agridem de forma alguma a inocência de nossas crianças, mas um casal gay demonstrando afeto sim! Pessoas se “comendo” literalmente nas ruas não afetam nossas crianças, mas um casal trocando caricias sim! Com todo respeito a você, meu caro leitor, a estes falsos moralistas eu digo: vão a p... que os pariu! Ora, num país onde a promiscuidade é celebrada de ano em ano, onde milhares de pessoas morrem por acidentes, overdoses e tantas outras coisas querer vir falar que gay é uma aberração me parece insano! Carnaval é a celebração do sexo sem compromisso, da pegação e da irresponsabilidade e juntando tudo isso eu digo: é a celebração da promiscuidade!

Claro que sempre há quem queira só se divertir, sempre há a “salvação”, mas mesmo aquele que é apaixonado por carnaval há de convir: foi-se o tempo que o carnaval era diversão e veio o tempo que se tornou festa de promiscuidade e nudez. Os falsos moralistas que levantam suas bandeiras anti-gays o ano inteiro que engulam minhas palavras e tomem um pouco mais de solidez: quem celebra a promiscuidade não pode acusar que celebra o amor.