quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mamonas assassinas e sua filosofia (hã??)

Reconheço que nunca fui muito fã de Mamonas Assassinas. Sempre fui um tanto conservadora em relação a música e sua interpretação. Mas o que não posso negar é que os Mamonas foram um marco para a música popular brasileira e tem seu grau de importância. Passei a perceber a importância e a falta que estes loucos fazem a nossa música e a forma irreverente como tratavam assuntos delicados. Isso mesmo, Mamonas Assassinas tratavam de assuntos delicados que hoje estão em pauta em nosso paìs, tais como homofobia e xenofobia. Vou provar.

Vou postar a música Robocop Gay:

Um tanto quanto másculo
Ai, e com M maiúsculo
Vejam só os meus músculos
Que com amor cultivei

Minha pistola é de plástico
Em formato cilíndrico
Sempre me chamam de cínico
Mas o porquê eu não sei

O meu bumbum era flácido
Mas esse assunto é tão místico
Devido a um ato cirúrgico
Hoje eu me transformei

O meu andar é erótico
Com movimentos atômicos
Sou um amante robótico
Com direito a replay

Um ser humano fantástico
Com poderes titânicos
Foi um moreno simpático
Por quem me apaixonei

E hoje estou tão eufórico
Com mil pedaços biônicos
Ontem eu era católico
Ai, hoje eu sou um GAY!!!

Abra sua mente
Gay também é gente
Baiano fala "oxente"
E come vatapá

Você pode ser gótico
Ser punk ou skinhead
Tem gay que é Mohamed
Tentando camuflar:
Allah, meu bom Allah!

Faça bem a barba
Arranque seu bigode
Gaúcho também pode
Não tem que disfarçar

Faça uma plástica
Aí entre na ginástica
Boneca cibernética
Um robocop gay...
Um robocop gay,
Um robocop gay.
Ai... eu sei,
Eu sei
Meu robocop gay...
Ai como dói!

Onde estaria a seriedade nesta música cômica e divertida? "Abra sua mente, gay também é gente, baiano fala oxente e come vatapá" isso nos diz: assim como é comum um baiano dizer oxente e comer vatapá é normal ser gay. "Ontem eu era católico, ai hoje sou gay" uma realidade bem comum nos lares cristãos não? Muitos gays católicos e evangélicos. "Você pode ser gótico , ser punk ou skinhead, tem gay que é Mohamed, tentando camuflar:Allah, meu bom Allah!" ou seja você pode ser tudo isso e ainda ser gay.

Vou postar Jumento Celestino:

(De quem é esse jegue?
De quem é esse jegue?
De quem é esse jegueee... Ô rapaz!

Não é jegue não, é jumentio!)
Tava ruim lá na Bahia, profissão de bóia-fria
Trabalhando noite e dia, num era isso que eu queria
Eu vim-me embora pra "Sum Paulo",
Eu vim no lombo dum jumento com pouco conhecimento
Enfrentando chuva e vento e dando uns peido fedorento (vish burro)
Até minha bunda fez um calo
Chegando na capital, uns puta predião legal
As mina pagando um pau, mas meu jumento tava mal
Precisando reformar
Fiz a pintura, importei quatro ferradura
Troquei até dentadura e pra completar a belezura
Eu instalei um Road-Star!

Descendo com o jumento na mó vula
Ultrapassei farol vermelho e dei de frente com uma mula
Saí avuando, parecia um foguete
Só não estourei meu côco pois tava de capacete

Me alevantei, o dono da mula gritando
O povo em volta tudo olhando e ninguém pra me socorrer
Fugi mancando e a multidão se amontoando
Em coro tudo gritando: "Baiano, cê vai morreêeê !"

Depois desse sofrimento, a maior desilusão
Pra aumentar o meu lamento, foi-se embora meu jumento
E me deixou c'as prestação
E hoje eu tô arrependido de ter feito imigração
Volto pra casa fudido, com um monte de apelido
O mais bonito é cabeção!
Aqui eles retratam a xenofobia contra os nordestinos. Leia bem a letra e veja a retratação que eles fazem. Qualquer coincidência é mera realidade!

Apenas postei essas músicas porque os assuntos abordados nelas estão em pauta atualmente, mas se formos analisar bem as divertidas e engraçadas letras dos Mamonas quase todas tem uma apelação social e uma crítica ao modo de vida leviano que muitos levam.

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