quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Maus pais, maus filhos

Durante os anos que estive na faculdade debatiamos muito sobre como a escola pode interferir na vida das crinças e adolescentes. É neste local que eles terão contato com pessoas, culturas e idéias diferentes. Irão procurar amigos, pessoas com quem se identifiquem e montar as famosas "panelinhas". Na infância ainda é muito comum as crianças estarem em contato com outras crianças, digamos, diferentes delas. É claro que elas irão amadurecer e projetar as opiniões dos pais também em suas relações na escola.

Aprendemos que as crianças em certas idades tem maior ou menor facilidade de relacionamento. Mas devemos prezar, como educadores, o bem social e individual de cada criança. É na idade infantil que elas começam a aderir alguns conceitos dos seus pais, professores e de quaisquer adultos que estejam em contato com elas diariamente. Conceitos são passados de geração em geração. Quando uma mãe diz: isso é feio, a criança irá aderir que a idéia daquilo é realmente feio, pelo menos até uma idade em que ela possa argumentar. É nessa idade que se dá a importância de explicar: isso é errado, isso é certo, diga obrigado e peça desculpas, entre muitas outras coisas. As crianças repetem os atos dos pais. Há algum tempo vi um comercial em que uma adulta fumava e do seu lado uma criança também o fazia, em outro um homem batia na mulher e do seu lado a criança também o fazia. Aquilo retrata bem o que acontece: as crianças aderem a tudo o que os pais fazem.

Na escola elas reagirão de acordo como acham que os pais reagiriam. "Meu pai paga isso aqui" já escutei uma criança de 7 anos responder ao professor. Ela disse isso porque achava que o professor não tinha autoridade sobre ela simplesmente porque os pais pagavam "aquilo ali". MAs de onde surgiu esta idéia? Lógicamente uma criança reproduz as atitudes e palavras dos pais. O absurdo é que aquela criança estava confrontando o professor com uma frase dita pelo pai que, ao ser chamado concordou com as palavras do filho, culminando na demissão do professor. Eu penso que tipo de adulto essa criança será e que tipo de pai este homem seria. A calamidade da educação em casa se transfere para a Educação nas escolas. Pais acham que os professores tem a obrigação de criar seus filhos. Estão enganados. Professores não tem a obrigação de passar valores que correspondem o aspecto familiar, o trabalho dos professores é o de passar valores de aspecto social e filosófico. O trabalho se torna muito dificil quando os pais acham "bunitinho" ver seus filhos respondendo aos professores. Essas crianças se tornarão adultos sem escrupulos.

Mas o que me preocupa é o jeito com que a sociedade encara o adolescente. Vemos casos de adolescentes se agredindo por motivos fúteis e me pergunto por que? A resposta que obtenho é assustadora: a culpa é dos pais! Não digo que os pais tem 100% de culpa nas atitudes de seus filhos, após os 13 anos de idade um adolescente já sabe o que é prego e martelo, o que quero dizer é que nesta fase é que começam aparecer os traços dos erros dos pais. Um adolescente violento geralmente torna-se violento porque foi criado desta maneira. Já escutei mães dizendo: vou enfiar uma porrada nan sua cara. Isso lá é modo de uma mãe se referir a um filho? Por mais dificl que seja o papel da mãe é educá-lo para ser um homem ou mulher de bem, e não alguém que desce a porrada seja qual for a situação. Há alguns dias vi uma reportagem de duas adolescentes que jogaram óleo fervendo numa outra. A menina perdeu a vião do olho esquerdo e teve queimaduras de terceiro grau. Quer dizer, qual foi o valor dessa vida? O motivo foi ciumes. Desde quando a violência superou o dialogo? Como terá sido a criação destas meninas?

Mas não posso e não vou generalizar. Há pais muito bons que criam filhos maus. Como isso? Crianças são manipuladoras de certo modo, ao querer atender as expectativas dos filhos os pais acabam estragando-os. Já ouvi muitas frases como "onde foi que eu errei"? Muitos pais nem erraram, mas o filho acaba se desviando por amizades. Ai está ponto. Quem são os amigos dos seus filhos? Não estou pedindo para vigia-los, longe disso, mas será que os adolescentes realmente merecem a liberdade que os pais contemporaneos lhes dão? Acho que não. Embora seja uma minoria que de trabalho, eles dão! Há um livro chamado "pais maus, filhos maus", eu concordo com essa teoria. Tudo deve ser balanceado. A disciplina, os mimos, as broncas, os presentes. É muito, mas muito importante que os pais estejam sempre ao lado dos filhos quando eles precisam. Aparecer de vez em quando e somente em festas é o cumulo. Os filhos acabam buscando o que não encontram em casa na rua.

Há algum tempo a policia militar lançou uma propaganda que dizia "pais adotem seus filhos antes que sejam adotados", em que ponto nós chegamos? Ao ponto de a policia militar ter que pedir para que os pais estejam ao lado de seus filhos. Eu sempre digo uma coisa que revolta muita gente, mas que é compreensivel do ponto de vista pedagógico: dizer não de vez em quando não mata ninguém. Isso mesmo, dizer não significa impor limites. Se o horário de um adolescente é estar em casa as 23 horas e ele quer chegar as 00 horas se o pai não quer, diga não! Ele não vai morrer por isso. Explique a razão do não, deixe-o contra-argumentar, se você continuar com sua opinião não mude por causa de birra de adolescente. Isso o fará perceber que existem regras e elas devem sim ser seguidas, mas regras devem ser impostas desde o berço.

Adolescentes mimados são os mais problematicos, adolescentes largados são os mais problemáticos, adolescentes querem a atenção da familia mesmo que digam que não! Não podemos largar os adolescentes na rua como se já fossem adultos: eles não são adultos! Devem ter o apoio da familia, devem ter disciplina e respeito para que cenas como a da Avenida Paulista e do caso das meninas não voltem a acontecer!

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