segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O mundo colorido!

Todo mundo acha que é bem fácil ser gay. Vivemos num mundinho colorido. Quem dera. Mas o mundinho colorido deve ser bem melhor do que a dura realidade de quem vive aqui, neste mundo preto e branco. O duro é quando o mundo preto e branco arromba a porta do mundinho colorido. Arromba mesmo! Estraçalha a porta do mundinho paralelo! A dura realidade desaba por sobre a cabeça do gay! Dai ele se pergunta se realmente vale a pena.

Ele descobre que o mundinho colorido só é colorido quando você pinta o preto e branco. Coloca uma tintazinha de tolerância aqui, outra de respeito aculá e assim por diante. Mas claro que, para colorir é preciso se manchar. Puxa, como é dificil tirar a tinta! Dificil mesmo. Algumas nem saem de tão fortes que são. Mas a irritação de te-las ali por vezes é encoberta pela sensação do dever cumprido. O mundo preto branco é tão dificil. Algumas partes teimam em manter-se preto e branco. Sem graça, sem vida. Por vezes, a pintura cansa, e o gay é atingido por uma sensação de insuficiência, ele olha para o que já foi pintado e olha para o que ainda precisa pintar.

Ah, como falta muito ainda! Ele olha para suas mãos calejadas e manchadas, sente o seu corpo pesar e se deixa cair no chão. Deixa que o cansaço lhe tome o corpo. Começa a lembrar do seu mundinho colorido. Aquilo é que era bom. Festas coloridas, pessoas coloridas, bebidas, drogas, sexo e de repente tudo isso desmorona! Ele  se imagina vivendo tudo isso aos 50 anos. Ah, como seria bom. Mas ao se olhar no espelho e ver que já se passaram os anos de sua juventude, seu rosto já marcado por sua idade ele se pergunta: onde estou? Onde fui parar? Ele olha ao seu redor e a única coisa que ve é a solidão! A solidão de uma vida cheia de mentiras, cheia de falsas cores que se vão com sua juventude. Ele se vê num mundinho colorido onde não há saída, onde a única liberdade é a de não pensar e apenas agir. Vê que tudo o que construiu ( mas o que construiu?) fica a merce de um mundo inexistente, sem rumo e se coloca a pensar se tudo isso valeu a pena. Se vê num mundo paralelo e se desespera! Se desespera em saber que não foi ouvido e pior ainda, que não teve competência para falar! Se sente perdido pois, ainda que tenha seu mundinho colorido algo realmente ainda lhe falta. Uma liberdade verdadeira lhe falta.  Sente falta de algo. Sente falta de pintar!De colorir! Como pode?

Sim, pode. Ao despertar de seu sono profundo, consequência de um pesado trabalho, ele pensa: por que não continuar colorindo? É melhor colorir o mundo preto e branco, provar que é capaz, do que viver falsamente num mundinho colorido onde, as coisas talvez pareçam muito gostosas, mas não são reais e acabam por desmoronar quando a dura realidade do mundo preto e branco bate a porta!

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